
Sorrateiramente passas,
Fracassando na incógnita do ser,
Enquanto libertas o teu odor adocicado,
Para que eu o siga.
E eu sigo.
Mergulho no vazio, ao som do teu sussurro,
Guiando-me na bruma que cai.
Aí, na profunda escuridão, deparo-me com o teu olhar,
Enquanto me mostras o destino,
Para que assim o aceite.
E eu aceito.
Precipito-me no abismo,
Numa queda sem fim.
Um cigarro fumado entre uns lábios molhados,
Protegido pelas mãos de um pintor.
E eu sou o cigarro.
Queremos arder nesse fogo-fátuo,
Consumir nossos corpos na solidão
Desse Inverno que nos uniu.
Arder até que a última chama se extinga,
Libertando as cinzas para o infinito.
(Pintura de René Magritte)
Sem comentários:
Enviar um comentário