«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Avenida dos Aliados

Sentei-me num banco de jardim,
Esperando calmamente que o destino se cumprisse.
Tocada por um céu de azul,
Via as brancas nuvens que passam.

E como elas andam lestas,
Na fadiga dos dias.
E como elas param,
Aguardando um qualquer epílogo.

Levantei-me descansando,
Percorrendo gastas pedras de basalto,
Ao som de existentes gaivotas imaginárias,
Cantando a lenda do pescador.

E como elas voam,
Fugidias ao tempo
E como elas permanecem,
Ao longo dos séculos.

Vi a tua estátua de mármore,
Nua no vazio de uma cidade,
Que me lembrou que até as pedras mudam,
Mesmo ante um relógio parado.

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