devoluto
a última chávena
repousa no lava-louça
no fundo um
circulo desenhado pelo café
pelo balcão sobejam
pedaços do que fomos
nem as formigas
se alimentam das migalhas secas
nem os armários
abrigam as traças
um último olhar
ao longo das paredes esquecidas
o último sentir
do frio do balcão de mármore
a réstia da
lembrança das manhas perfumadas de verão
quem vier que
pinte as paredes, forre as gavetas, encha os armários
quem vier que conte
as histórias que lhe ocorram
quem vier que
trate do nosso enterro
[estivemos
sempre afastados, vivemos sempre sozinhos]
É um lado inevitável de todos nós. A borra de café no fundo da pia... Disforme!
ResponderEliminarBelo poema!
.
ResponderEliminarE se o poeta chora, porque
não chorar com ele ao invés
de "percevejar" no quadro as
lindas borboletas?
Palhaço Poeta
.
L.A, um textaço que levantou todos os meus defuntos!
ResponderEliminarPensei: quantas paredes rabiscadas deixei pra trás?
Bj grande
Há quem leia o futuro nas borras de café, há quem prefira partir em busca da sua construção...
ResponderEliminarBeijo :)
teu jeito único de dizer o sentir... já é companhia!
ResponderEliminarbeijinho, querida poeta!