«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 3 de junho de 2012

purgatorium XXIX

O fresco da tarde chega por fim e arrefece-me o corpo febril. Ainda sinto a dor na carne rubra sob a lembrança da língua em brasa.
Lânguida, ordeno aos meus dedos que oscilem entre raios de luz, raios de escuridão: linhas a direito no ar da sala. A inércia do silêncio invade-me os tímpanos.
Tanta estrada, tantos quilómetros: sem memória, sem lembranças.
Pouso os membros, sinal de cansaço: estar aqui ou não estar é igual. Ficar ou partir? Ainda assim nenhum sopro de vento lembrará o meu nome.

8 comentários:

  1. Intenso e envolvente. Como sempre. Beijinho

    ResponderEliminar
  2. ah, mas a voz soube seduzir!!

    beijinho,minha amiga poeta querida!!

    ResponderEliminar
  3. e ainda estou aqui a ouvir a canção!!

    ResponderEliminar
  4. A consciência da infimidade, a ousadia de ousar respirar...

    Beijo :)

    ResponderEliminar
  5. um final de tarde que redobra o teu nome a cada sopro de emoção...

    beijo, querida Laura!

    ResponderEliminar
  6. Laurinha,
    muito lindo!
    Hoje, este me faz mais sentido...

    Beijos!

    ResponderEliminar
  7. Laura

    O som perfeitamente entrosado com a tua admirável escrita.

    bjs

    ResponderEliminar