«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 5 de junho de 2012

notas para assustar fantasmas

I
sabei vós que o relógio não espera:
arregalai os olhos
e vede o tempo que escorre pela boca

II
podeis procurar a chave misteriosa
nos anais da história
mas essa porta há muito que está encerrada 

III
e de nada vos adianta ranger os dentes
procurar o sangue que apodreceu nas entranhas
a vossa imagem é tumulto em lápides sem nome

IV
está na hora de fingir,
fingir que se dorme
de olhos escancarados de temor

 

13 comentários:

  1. O relógio não espera, mas nós esperamos...ou corremos contra ele...

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  2. Minha querida

    Um poema IMENSO que acabei de ler e gostei de tudo aqui.
    Tomei a liberdade de seguir, para voltar com mais tempo.


    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  3. li do fim ao começo... os fantasmas espantaram-se em dobro!!

    beijinho, amiga poeta!!

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  4. os fantasmas rodeiam e farejam,

    beijo

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  5. Sem dúvida... sem fantasmas!

    Nota cem!...rs...

    Beijos =)

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  6. Os olhos nunca nos deixam fingir. Melhor escamcará-los, mesmo!

    beijos

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  7. Assusta os fantasmas na perfeição...

    Abraço

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  8. Laurinha,
    para assustar fantasmas, antes temos que assustar a nós mesmos, se fizer efeito, estaremos em bom caminho.

    Beijos e ótimo fim de semana!

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  9. não ouso pensar que o tempo transforme em pedra. não vão as notas, em lugar de exorcizar, reinaugurar fantasmas. na verdade, sinto que o tempo me vive como eu a ele. a diferença? o meu amor por ele acabará mais cedo do que o dele por mim.

    abraço, laura!

    p.s. esta música do reznor é ela mesma a nota maior para afugentar fantasmas :)

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  10. E há quanto tempo fingimos que dormimos de olhos escancarados de temor?

    Laura
    Gosto de te ler.

    bjs

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  11. Cá para mim andas é cheia de medo deles... dos fantasmas...
    Gostei do poema, é diferente.
    Laura, querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  12. este poema faz-nos mover!
    eu que tenho a mania de lhes dar abrigo e alimento, mas se o meu olhar falasse... talvez lhes ferisse as sombras para não mais voltarem.

    beijos, Laura!

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