«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 14 de junho de 2012

desAlinhado XXV

dispo pele onde fui cárcere
vejo-a enrugada no chão do quarto
um reflexo ténue de carne, músculos, tendões, artérias, veias


imagino um novo corpo
traços confusos sobre a parede branca
tingida de sangue


construo a nova figura
similar à que sonhei nas noites sem sono
a pele é a mesma, o fim um dialogo solitário


 

6 comentários:

  1. os sentimentos deveriam ser peles, que quando incomodassem, poderíamos rasgar, livrarmo-nos delas!

    Beijinho!

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  2. Tenho dessa ânsia, mas sempre acabo vendo a mesma figura no espelho.

    Maravilha, poeta!

    Beijo.

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  3. tenho uma 'coisa' com imagens parecidas. não sei se pus no blog se está no face. vou procurar. beijo

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  4. Laurinha,

    Se o nosso olhar não muda sobre o corpo, mesmo novo, será o mesmo: "traços confusos sobre parede branca tingida de sangue".

    Beijos!

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  5. Pode não ser mau de todo vestir-se sempre a mesma pele...

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  6. Nas nossas deambulações acabamos por tropeçar em nós...

    Beijo :)

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