«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 18 de maio de 2012

esventrado XII

arrastam-se pesados
entre as sombrias paredes,
sons metálicos
gritados no passado distante


cunham sombras
indeléveis
nas esquinas cegas
do olhar


fracos ossos,
punhos cerrados
cravados no betão da memória:
o teu punhal espera por mim

 

9 comentários:

  1. do corte, que tamanho devemos permitir?

    Beijinho, querida poeta intensa!

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  2. Porque há mortes assim: mais que desejadas, necessárias.
    Beijinho

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  3. O passado faz-se sonoridade pesada, sempre, ainda que antes houvesse cantiga de roda.
    bj gigante

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  4. este punhal carrega uma ânsia,


    beijo

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  5. a memória até à mais ínfima célula!
    beijinho, querida Laura

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  6. Do aço das palavras morrem mais do que do aço das navalhas.
    Morrem mesmo os que sobrevivem.
    Beijoss

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  7. Laurinha,
    para os passados próximos os socos devem ter redobrada força.

    Beijinhos!

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