ensaio a frio como cortar os pulsos
sentada num frio banco de ferro
a cidade adormecida
pelo menos finge que não vê
e o tempo cola-se nas espaldas
curva as costas, desenha sulcos no rosto envelhecido
uma moeda perde-se aos meus pés
não sou, não estou
não me olhem:
sou trecho fosco absorvido
pelos vossos olhos apressados
há muito que abandonei o banco
onde ainda me julgam
onde ainda juram me ver
há muito que deixei de ser
a suja estátua de pedra
contudo os pássaros ainda pousam na minha mão
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/
Um pouco de calor no frio da cidade...
ResponderEliminarGostei muito, Laura!
Beijo :)
Excelente poema.
ResponderEliminarCom um final de mestre...
Laura, querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.
És muito mais do que o frio da cidade ou o silêncio da pedra...
ResponderEliminarBeijinho
das ruas, ainda se poderá tirar um pouco de dignidade, quando as estátuas voarem.
ResponderEliminarbjs e com saudade das nossas conversas
não sou, não estou
ResponderEliminarnão me olhem:
sou trecho fosco absorvido
pelos vossos olhos apressados
Laura, não faz tanto tempo assim que me tornei mais íntima da tua poesia. E é uma alegria ter uma poeta que me toque tão dentro de mim como fazes. Te ler faz amplitudes em mim.
Beijos,
Assombrosamente belo.
ResponderEliminarQue texto nostálgico... Me lembra de quando encontrei moedas sotlam pela rua, mas não quis apanhá-las por achar que renderiam menos do que o tempo que iria despender em apanhá-las... Mas meu tempo não valia nada.
ResponderEliminarah esses pássaros que teimam e ainda tem aquele blue bird
ResponderEliminarbeijjo
É preciso saber se o pouso é em busca de novo voo ou se de migalhas do que já não se tem...
ResponderEliminarSempre tão densa e inquietante a sua escrita.
Sempre!
Gosto tanto.
Beijoss :)
Foda! De estremecer, bem como gosto.
ResponderEliminarHá sempre pássaros na mão da estátua,
ResponderEliminarna praça, há sempre pássaros assustando o dia.
Lindo! "sou trecho fosco absorvidos pelos vossos olhos apressados"...adoro. Beijinhos
ResponderEliminarCreio que os pássaros estão a convidar para um novo voo.
ResponderEliminarBeijos, Laurinha!
se há pouso, há voos acontecidos!
ResponderEliminarbeijo, amiga poeta!