«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

esventrado XXIV


amanheceu em nós
a madrugada da vasta solidão

sobre corpos tombados
de pele arrepiada
de carne fria
de sangue inerte
o pesar do tempo líquido
que os afasta

de nada adianta jurar
que o mundo irá parar
que o céu não será um denso manto pendendo sobre nós
pois a escuridão caminha

lado-a-lado
a teu lado
a meu lado
e nós já aqui não estamos

Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/

8 comentários:

  1. A madrugada que amanhece só...o fim do mundo acontecendo sempre, enquanto ainda se espera que aconteça. Louvo o poema e a poeta.

    Beijos,

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  2. Muitas vezes a companhia é esse ser invisível, onde até a nossa sombra se esconde.

    Que belo, Laura.

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  3. Belíssima escrita que nos transpõe para o mundo das emoções!
    Lindo! Já aderi ao blogue!

    Se quiser espreitar o meu blog e espreitar o k escrevo aqui fica o endereço
    http://lualibra.blogspot.pt/

    xoxo

    Sarah

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  4. e nunca estamos por mais que queiramos, neste lado alado,



    beijo

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  5. há instantes em que me assombro
    pela aproximação de nossas
    almas
    ...


    belo poema,
    beijo carinhoso.

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  6. jurar o que não nos pertence é sempre um lugar vazio, porém, ainda pensamos em querê-lo
    bj, poetaça

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  7. A presença ausente é a ausência presente que se sente. No entanto, o corpo que se molda no vazio, dele se absorve e devolve o que não mais era para se tornar o que se deseja ser.

    Bjos preenchidos!

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  8. há sempre uma voz vestindo o silêncio!

    beijo, linda!

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