sem
mais delongas
é
chegada a hora de me despedir
amigo
que te sentas comigo
nesta
mesa esquecida num canto qualquer
esvaziamos
as garrafas
enchemos
os copos
fumamos
todos os cigarros
medimos
o tempo
olhando
pela lupa
enquanto
riscávamos os dias em dobras na pele
lá
fora a noite
lá
fora o dia
em
nós as trevas
encerradas
no peito húmido
saturadas
de ar bafiento
lá
fora o dia
lá
fora a noite
em
nós o vazio
que
cresce dentro dos ossos
e
queima o que resta das entranhas
há
muito que fomos
há
muito que esquecemos o que somos
esqueletos
sorridentes, histórias de assombrar
despeço-me
de ti, querido amigo
sem
mais delongas
tu
que há muito não te sentas à minha mesa
que
há muito me ensinaste o sabor amargo da partida
e
que sei eu ainda
amanhã
alguém me virá buscar
mas
muito antes de o caixão sair do umbral da porta
talvez
tudo arda num ápice, talvez as paredes restem em pé
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/
na verticalidade da vida permanecem as histórias...
ResponderEliminartão sofrida e intensa sua poesia, Laura.
beijoss
depois do adeus
ResponderEliminaro que ainda sabemos nós
é que mantem as paredes de pé
pelo poema
abs
Laurinha!
ResponderEliminarE como gosto da tua poesia... impossível é não vir aqui!
Beijos com saudades!
despedir é um verbo de difícil conjugação: é só um tempo de ausência,
ResponderEliminarbeijo
Imenso!
ResponderEliminarBeijo grande :-)
parei com o teu poema a ecoar uma música de fundo...
ResponderEliminarmuito belo, querida Laura!
beijinho!
a morte deve ser mt mais triste pra quem morre
ResponderEliminarbj grande
geralmente as outras sensações nos invadem... mas sabor e toque, não! por estes a gente deve buscar e pode escolher... engraçado que são esses os que mais a gente anseia!
ResponderEliminarbeijo, querida!