«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Polaroid 2

Desmembramento

de todas as vezes corri, sem ar e gosto de ti
de todas as vezes corri, sem terra e gosto de ti
de todas as vezes corri, sem pedras e gosto de ti

de todas as vezes corri, com vento e gosto de ti
de todas as vezes corri, com frio e gosto de ti
de todas as vezes corri, com pele e gosto de ti

de todas as vezes que corri. Parei
não te vejo aqui


Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Então você convoca do mundo das aparentes obsolescências a polaroid? E que oportuno! A sequência das últimas postagens é muito bonita. E fiquei pasmo com o Manifesto LXVI!

    Beijo, Laura.

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  2. e a correria prossegue. com ou sem papel fotográfico, com ou sem cenário, com ou sem figuração e figurinista (que não figurão).
    abraço, laura!

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