«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Manifesto LXVI

Porto

uma mão cheia de nada
sempre que a ti regresso
encho os pulmões com o teu granito
vejo o vento na esfera cinzenta
abraço os que esperam

um mão cheia de tudo
sempre que de ti saio
trago o fumo no peito
bebo os pássaros da terra
carrego o peso do teu existir

sempre que em ti penso
tropeço na saudade

Fotografia de Laura Alberto

1 comentário:

  1. "regresso II
    somos apenas a saudade
    e o seu derradeiro antídoto."

    qualquer regresso inaugura nova etapa em quem visita e no que/quem é revisitado.

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