«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Manifesto LXIV

Negar

não:
meus braços já não podem
agarrar essa tua figura
fugiu entre as esquinas
desabou por entre escombros e lixo

não:
meus lábios já não desejam
beijar a tua boca
apodreceu sobre a chuva
mirrando sobre a terra

não:
meus olhos não te suportam
trazes um cheiro fétido
descoberto entre as sombras da noite
pintado outrora de azul

não:
minhas mãos não te querem agarrar
sobre as asas do tempo
és brasa apagada
ponto final cinzento


Joy Division-Disorder

1 comentário:

  1. manifesto - ponto
    murro na mesa - ponto
    refeição tragada no derradeiro pedaço - ponto.
    arroto - ponto
    basta - ponto
    manifesto - ponto final (a cor é irrelevante).

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