«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hospital de S. João, 8 de Dezembro de 2010

mil cavalos voam lá fora.
alguém permitiu que os abetos corram.
nascem flores dentro do solo.

teus olhos pararam
abertos sobre as órbitas

cortaram os ramos sobejantes,
amarraram os que restam
dentro de brancos lençóis desinfectados

teus olhos ouvem
piscam tocados pelo ar quente

continua o vento lá fora
destemido
seguem-se as folhas ordeiramente

teus olhos minguaram
simplesmente se esqueceram

Um dia cinzento, Jorge Molder

2 comentários:

  1. a cada vez que aqui venho me deparo com essa tua rara escritura, afiando fino o fio do verbo


    beijo

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  2. que parem, que mingüem, que apodreçam, que morram... o essencial continuará a ser invisível aos olhos.
    um abraço, laurinha!

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