não ouço os meus pesados passos
sobre o chão
não sinto o peso do casaco
pendendo sobre os ombros
não vejo o meu reflexo cansado
no nevoeiro cinzento
e um manto de folhas amarelecidas
raspa o alcatrão
e um vaso com flores de plástico
é esquecido sobre o mármore imundo
cansaste-te de ler o meu o nome
deixaste-o preso em letras de bronze
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
de mim já nem se lembra é o nome de um livro e o nome de muitos de nós.
ResponderEliminarbeijoss
quando tudo é esquecimento, para que serve o metal?
ResponderEliminarBj, poetaça dos arrepios
ler um nome, fábula que se inscreve na pele
ResponderEliminarbeijo
Cinco letras…
ResponderEliminarCinco pontas de cadente perdida na aurora
Na loucura de alguns instantes escrevo
Descalço vou adiante num ir longe, embora
Solto das mãos murmúrios sussurrantes
Do basalto explode um bando de pombos bravos, alguns negros
Há um livro branco apenas com a palavra ausência
Há uma carta de marear para um rumo de mil segredos
Flores de solidão crescem em pedaços de fria lava
Um espantalho saltou-me do bolso a remexer
Uma sombra desceu a janela e tocou-me
Cerrei olhos para sentir o que não queria ver
Boa semana
laura,
ResponderEliminarsua poesia caminhou muito, viu?
muito.
eu aplaudo.
Cansada em noite e nevoeiro,
ResponderEliminarem letras de bronze te escrevi.
É incansável teu nome, tal qual
estas flores de plástico.
Incansável!
beijo
Confesso a minha dificuldade de interpretar o teu poema.
ResponderEliminarMas provavelmente fazes de propósito para que as mentes dos leitores deambulem pelos significados (im)possíveis...
Ou então sou eu que não vejo...
Será um abandono? Do narrador e do visado que deixou o nome preso nas letras de bronze?
Beijo, querida amiga.
Por vezes venho cá e não deixo comentário, mas é porque não sei mais que dizer. Porque ler-te deixa-nos a alma em silêncio...
ResponderEliminarObrigada, beijos
Laurinha, tudo bem?
ResponderEliminarAinda em off no blog, mas me atualizando nas leituras essenciais, como tuas poesias. Não comentarei, necessariamente, mas sempre por aqui, tá bom?
Beijos muitos, com saudades, muuuitas!!!
tudo se resume em perdas...
ResponderEliminartua lira me impregna de mim!
beijo!