«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 16 de abril de 2012

esventrado VIII



















aprendi,
quando ainda o tempo era tudo o que nos restava
a dizer-te
adeus

descobri,
no calor da tua pele, sob o toque das tuas mãos
o sabor das minhas
lágrimas

nasceram ondas, mar, um oceano
debaixo do nosso abraço
azul, azul e mais azul
cresceram ilha, ilhas e uma ilha
diante dos teus lábios cerrados
oceano, oceano, terra, oceano

aprendi como dizer-te adeus
busco agora o esquecimento
o meu, o nosso

Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/

5 comentários:

  1. [como a certeza da luz que nos habita,

    não se apaga;
    esconde-se temporariamente
    na súbita escuridão, no vão da escada
    das horas.]

    Com um imenso abraço,

    Leonardo B.

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  2. A memória não obedece o adeus.

    Beijo.

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  3. o tempo como derradeira pérola que nos pertence. irónico, não?
    agora, nenhuma escada para na sua ascensão inexorável...

    abraço, minha amiga!

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  4. Laurinha,
    parece que o tempo está sob nosso comando, sempre acho que é o contrário.
    Beijos!

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