«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 22 de março de 2012

purgatorium XIII


Maldição. Esta prisão sem grades onde me deixaram. Este lugar frio e escuro onde me forçaram a entrar, iludida por lúgubres promessas.
Malditos, os que sorriem do outro lado e alimentam a fome dos seus prisioneiros, libertando o seu odor pestilento.
Maldita seja eu, que sempre vi esta minha cegueira. E amaldiçoada continue, ainda que a raiva se liberte no meu cuspo, no meu sangue, no meu ódio.
Amaldiçoada continue eu, de olhos bem abertos, imóvel.
Fotografia de Raquel Mendes

6 comentários:

  1. minha voz pede tua licença para fazer deste texto meu desabafo...

    Beijinho sempre carinhoso, amiga poeta!

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  2. Que nossos olhos se rasguem em
    grandes janelas, e que sejamos penetradas pelo SOL!!!

    beijoss

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  3. Laurinha,
    nossa! Essa tua série "purgatorium" é indescritível!
    Como diz aquela expressão:
    "se isso é guerra, eu não quero a paz".
    Beijos

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  4. "olhos bem abertos, imóvel."

    e o vidro a estilhaçar retinas.

    beijo, laurita!

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  5. Somos vítimas e algozes sempre.
    Fascinante texto.

    bjs

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