A viagem começa do outro lado,
não do oceano, não do continente, de mim.
Esta imagem, a mim só pertence: a
língua de alcatrão quente que se estende debaixo dos meus pés, o entroncamento
retorcido perante os meus olhos, que já pouco vêem.
A minha imagem, a minha viagem.
Observo as minhas costas, as
minhas pernas, a minha cabeça ligeiramente tombada, cansada: a estrada, ao
fundo, as montanhas que desconheço o nome, recortando o laranja do fim do dia
no céu.
Anoitece, toda a atmosfera
veste-se de negro. Uma ameaça de chuva para apaziguar o calor do dia. Nem um
resquício de água contudo.
Não devia ter fumado o último
cigarro.
O alcatrão some-se violento
criando um precipício sem fundo: a decisão, o primeiro passo.
Quando acordo, dou por mim na
sala. [Ainda aqui estás?]
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/
impressionante os purgatoriuns em sintonia alucinada com as imagens
ResponderEliminarparabéns!
beijo pra ti, Laura
tão bem ilustrada, essa viagem, pelas tuas palavras e pela fotografia, adorei simplesmente!
ResponderEliminarparabéns a ambos
Laurinha,
ResponderEliminarporque as sentenças se fazem em nós mesmos, e a pena, por vezes, infalível.
Beijos e ótima semana!
PS.: Podes me chamar como te sentires melhor, por Ana, Cecília, Cissa ou até Romeu *-*