«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 14 de março de 2012

purgatorium IX


Fotografia de Laura Alberto

O diabo mostra os dentes, uma fileira branca de dentes perfeitamente alinhados. Inchada, a linha das gengivas numa explosão sanguínea.


Sinto o bafo, o odor pútrido do desejo pela carne. Escorre-me o sangue pela face. O diabo ri-se.
O espelho reflecte o meu rosto ruborizado. Quem vive em mim? Prisioneiro de um corpo gasto.

8 comentários:

  1. O diabo é um parvo.
    Mas ele existe?
    rsrs...

    Mais a sério, não sei comentar este teu texto.
    Mas gostei dele.

    Laura, querida amiga, tem um bom resto de semana.
    Beijos.

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  2. Laurinha,
    senti tuas palavras como um soco!

    ...ainda com vertigem de corpo gasto: a prisão é a que nós mesmos permitimos.

    Beijos, colega Portista!

    PS.: Fiquei na dúvida se escreves na ordem cronológica em que publicas, pois me parece que vem num crescendo, ou estou equivocada?

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  3. Quantas vezes somos reféns de nós mesmos. Muito bom.
    Beijinho

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  4. Acometem os ventos furiosos, a terra queimada é uma constante. Germinar é preciso, apesar de tudo.
    (Tão intensa, Laura!)

    Beijo :)

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  5. quem há de viver em si ou para além, desabitado


    beijo

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  6. deus e o diabo se alternam no oco que revestimos....

    poema intenso, de gosto forte...


    beijos, Laura!

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  7. Esse é forte e intenso.

    Não consigo fazer uma poesia ou escrever essa palavra. tenho horror a ele.

    Beijos

    Mirze

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  8. de todos os lugares quantos se fazem nossos? e os dentes brancos escondem tantos purgatórios...

    beijo!

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