«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 19 de março de 2012

Polaroid 48


homicídio

este peito onde escondo
este musculo cansado, derrotado
estas costelas
que escondem o gemido do meu corpo
esta pele
cobrindo a carne, envolvendo os ossos
esta face
esfacelada de esquecimento
este sangue que me escorre pelo corpo
é o nosso sangue
esvaindo-se pela calçada, sumindo-se na sarjeta


6 comentários:

  1. neste súbito homicídio, quem se mata, quem morre,



    beijo

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  2. Ai, coragem que te quero.

    Lindo e forte.

    Beijos

    Mirze

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  3. Esta tua escrita é muito pesada.
    Parece gótica...
    Talvez seja por isso que não gosto de cenouras cozidas...
    Mas sei reconhecer a excelência das tuas palavras.
    Laura, querida amiga, desejo-te uma excelente semana.
    Beijos.

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  4. Laurinha,

    e há nessa fotografia uma verdadeira radiografia, aquilo que se vê por dentro, translúcido em contraste definitivo.
    Intenso!

    Beijinhos

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  5. Esse sangue que escorre, essa faca
    com que cortas as palavras é poesia
    viva, que sai das tuas entranhas,
    despida de tudo, VERDADEIRA!

    beijosss

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