«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 17 de maio de 2011

Manifesto CXXII

Abutres

não me servem as botas nos pés
as botas que correram; que pararam; que esperaram
as mesmas botas de sempre, não cabem nos meus pés

olho as extremidades das pernas
não reconheço estes pés, secos, cansados
os dedos alongam-se, entrelaçados e dobram-se na biqueira

quis fugir e não tive estrada
fiquei e não encontro onde dormir

2 comentários:

  1. gostei deste Manifesto.:)
    o que nos vale é que o desalento não nos tolhe por muito tempo os passos ...e a estrada sempre a encontramos.
    beijo

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  2. é algures entre este lugar e lugar nenhum que nos eternizamos homens.
    beijo, laurita!

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