«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sábado, 14 de maio de 2011

Balas

Bala número dois

acaricio a tua pele. sinto lhe a forma que se molda nos meus dedos, o frio que invadiu todo o corpo. limpo os traços de suor, agora riscos baços na pele branca.
precisei de vir aqui, sentir o teu corpo que desenha o ar do quarto.
não sei a data, que dia será hoje: ontem ou amanhã. não importa, não quero saber.
a tua pele veste-se pelas horas que se estendem e amanhã ou depois, quando restarem apenas cinzas e pó, também ninguém saberá o que fomos.
e os navios navegam por terra

1 comentário:

  1. Muito terno, o texto! E pensar que há corpos capazes de "desenha[r] o ar do quarto» e de "iluminar" a nossa existência...
    Beijinhos, Laura! Bom fim-de-semana...

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