«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cor: Negro

dobro as pernas, aperto o peito contra as coxas e cruzo os braços sobre os joelhos
já não está frio, tanto frio, mas há sempre o vento, veloz
o dia começa a perder as suas cores vivas
ao longe desenha-se um névoa que desce dum céu esquecido
apagam-se as flores, enterram-se os últimos raios de luz
chupo uma palha seca, tem o teu sabor
o sangue começa a gelar me os braços, as pernas
o dia escorre entre as horas grossas e a noite espreita nas esquinas
é noite, vamos?

1 comentário:

  1. "apagam-se as flores, enterram-se os últimos raios de luz"
    Bela imagem, Laura, ainda que melancólica!
    Gosto do poema!
    Beijos.

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