O Futuro Sai da Fenda e da Ferida
a geometria abre a linha para deixar passar a Imaginação.
O FUTURO sai da FENDA e da FERIDA.
Do que antes foi, hoje sai Sangue.
Inundar o VAZIO: o FUTURO inunda o VAZIO.
Porque todo o vazio tem por INIMIGO a Imaginação.
Porque todo o vazio tem o Inimigo.
Gonçalo M. Tavares, in "Investigações. Novalis"
I
abeiro-me das árvores sem sombra
boca seca, dentes sujos de pó
um sol que faz arder, sem tréguas
II
a figura negra da cidade
tatuada nas pedras
disforme com o deslizar da tarde
III
não há luz que guie
não há noite que aconchegue
não há lugar no ventre
IV
a mente torcida em becos
sem saída, sem retorno
talvez seja precisa uma guerra
Versos e Sintonia impecáveis!
ResponderEliminar"não há luz que guie
ResponderEliminarnão há noite que aconchegue
não há lugar no ventre"...
#E isto hoje, para mim é tudo.
há na tua escrita eminentemente urbana, deambulatória, mais do que contemplativa, uma espécie de cesário verde a quem acoplaram as garras afiadas (para fora e para dentro do monstro de pedra) de t. s. eliot. e o resultado é notável. sempre.
ResponderEliminarbeijos, laura!
A matéria opressiva envolve-nos, fazendo-nos sentir como se usássemos a mesma roupa suja há muito tempo. Sopramos, debatemo-nos, mas a amarra não se solta. Apenas activamos ainda mais as cores desbotadas da paisagem...
ResponderEliminarBeijo :)
Acho que já encetaste a guerra...
ResponderEliminarSim, a imaginação é a pior inimiga do Homem... às vezes só atrapalha... e com ela sangramos!
Abraço!
"Porque todo o vazio tem por INIMIGO a Imaginação". Sim, é ela quem sempre preenche o vazio. Mas se sabemos como domá-la e direcioná-la, pode trazer coisas interessantes.
ResponderEliminarAdorei o som do John Zorn! Como sempre, boas dicas musicais.
Bjos!
Uma guerra inteligente não é feita com instrumentos de morte, mas de vida, como: mente sã, papel e lápis.
ResponderEliminarNotas cênicas!
bj com admiração
A guerra talvez seja mesmo inevitável, já que a luz na cidade é cada vez mais ténue e corre o risco de se apagar eternamente, apesar do sol que faz arder.
ResponderEliminarExcelente poema, gostei imenso.
Laura, minha querida amiga, tem um bom resto de domingo e boa semana.
Beijo.
Laura
ResponderEliminarSei que o vazio está prestes a arder em chamas, mas é preferível não ver nenhuma fenda aberta, pois
não quero subscrever o inevitável. Ainda há um talvez. Esta é a nota final.
Um assombro como sempre.
Beijos.
oh, menina...
ResponderEliminarque rica e densa poesia você escreve.
beijos
E que "inimiga" tem o vazio!!!
ResponderEliminarbeijoss
uma guerra e quebrar os muros que construímos, os que imaginamos, os que tememos... onde nos perdemos?
ResponderEliminarbeijo, querida Laura!
Bela poesia...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
eu fico quase sem fôlego quando termino de ler teus poemas Laura, esse me deu algo que nem sei, é claro que adorei. você tem uma habilidade de expressar uns mistérios que não é comum
ResponderEliminarum beijo
Laurinha,
ResponderEliminarjá vim aqui umas três vezes neste post e não consegui comentar, creio que minhas palavras estão num post scriptum invisível :)
Beijos!