«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Manifesto CXXXIII

de ti:
quis saber onde mora o vento
que molda a pele que me cobre,
corri entre escarpas afiadas
e no mar lavei o sangue
mas o vento tinha parado e tu sorrias distante


de ti:
ouvi contar, como doce melodia,
que cavalgavas no dorso das ondas
e bebes dos lábios das algas,
despi a túnica que vestia
e procurei-te na linha do horizonte

de ti:
descobri que os deuses não existem,
pisando o pó, a terra, a areia
com que enchemos as nossas casas

1 comentário:

  1. esse poema tem uma sonoridade
    encantadora que me fez ouvir
    a própria voz diferente


    ...

    Beijo carinhoso.

    ResponderEliminar