«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 17 de junho de 2011

memória de um rio seco

todo este pó, cola-se à pele, entranha-se na carne, corre louco dentro do sangue
todo este pó enche os pulmões e lá permanece, sossegado

[acaso saberão os deuses onde se esconde a fonte para buscar a água preciosa?]

uma impressão na garganta recorda-me que não é sede, não é fome:
é apenas pó, que fica colado ao corpo
pó, com contornos de uma sombra indefinida caminhando ao nosso lado

6 comentários:

  1. A fonte está dentro de ti... tu sabes...
    Gostei do teu texto, muito bom.
    Minha querida amiga Laura, tem um bom fim de semana.
    Beijos.

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  2. Essa impressão, nem de fome nem de sede, se transforma em poesia em tuas mãos...

    Beijinho de sábado, Laura!

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  3. Obrigada Nilson, espero saber encontrá-la dentro de mim.
    Boa semana!
    Beijo
    Laura

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  4. Obrigada Ana, os teus comentários deixam sempre um pouco de brilho.
    Esta inquietude nem sempre é poesia, mas tenta!
    Boa semana
    Beijo
    Laura

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  5. aqui no sertão do Brasil, um rio seco é literalmente pó. Um deserto que já fez água,


    beijo

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  6. Assis e às vezes, nas profundezas dessa areia ainda é possível encontrar a água feita!
    Beijo
    Laura

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