«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Estudo XLVII

Vento

juntou os fios de um destino,
traçou o precipício do fim,
com os pés dentro de água,
afogam-se as esperanças etéreas

fugimos longe, bem longe
os corpos que fomos,
os cadáveres a que tornamos,
o futuro erguido em pó


Dust Breeding, May Ray, 1920, printed ca. 1967

3 comentários:

  1. Belíssimo. Além da beleza dos poemas com lastro existencial, admirei aqui a distinta relação entre textos e imagens; estas são muito bem selecionadas, Picabia, Man Ray, Paula Rêgo, etc.

    Muito bom passar por aqui.

    Abraço.

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  2. Marcantonio, seja bem-vindo a este meu cantinho!
    Espero voltar a vê-lo aqui mais vezes!
    Obrigada pelo seu comentário, cheio de alento!
    Beijos
    Laura

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