«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Estudo XLIII

Farmácia

as baratas beberam todo o perclorato de ferro,
continuam recatadas nos cantos,

procuramos o remédio infalível
para as fracturas expostas,
porque o sangue já não corre lá,

adoçam-nos os braços com palavras vãs
abraçam-nos os lábios com dedos de lã

1 comentário:

  1. são as palavras (mesmo que vãs) e o açúcar nos lábios que evitam a gangrena... saboreia-as, amiga. estanca as feridas sem amputações. os tecidos farão o resto.
    um abraço!

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