«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quarto alugado

Uma tarde.
Uma noite.
Corpos jogados na teia do acaso.
Teu cheiro.
Minha boca.
No teu peito.

Caem os fios de algodão,
Arrastados no vento.
Corpo carregado na corrente.
Redondo.
Denso.

Eterno.


Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/

1 comentário:

  1. Particularmente belo, Laura!
    A ideia de densidade sente-se na corrente do poema.

    Um tal abraço!

    ResponderEliminar