«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 11 de abril de 2010

Morgue

Enrolado numa espiral,
Em letargia.
O corpo.
Abandonado.

Mármore fria,
Compactuando.
Na inércia.
Do pútrido coração.

Boca semi-aberta,
Deixando escapar.
As traças.
De outrora.

A inesperada autopsia,
Do cadáver que vai vivendo.

2 comentários:

  1. Não, querida Amiga, os seres humanos, por vezes, são como as serpentes: largam na pele os pedaços que vão morrendo dentro de si... São apenas pedaços, projecções de eus não realizados. Mas, a essência, essa, renova-se e a perífrase verbal "vai vivendo" converte-se numa forma verbal indicativa, carregada de segurança e assertividade: "vive".

    Um beijo enorme!

    P.S. Arranjei a banda sonora de Crash (Colisão), do Mark Isham. Que coisa arrepiante...

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  2. Laura:
    a fénix renasce das cinzas, o lótus do lodo e o(a) gato(a) tem 7 vidas. um(a) poeta tem todas as que quiser ter.
    beijo no <3

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