«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sábado, 3 de abril de 2010

Cadáver esquiço

Naquela tarde em cinzas,
Restava uma cama destituída,
Dos seres de outrora.
Um colchão disforme,
Oculto por um solitário lençol,
Sujo de dor.

Naquelas cinzas em tarde,
Pintaram-se as paredes de branco,
Cobrindo a mazela dos dias.
Um vento que irrompe,
Levantando areia dos tempos.
E depois, o desmoronar.

4 comentários:

  1. bonito,e tão triste. porque não pode o acabar ter outro fim?
    votos de que o ciclo de renovação se cumpra em ti, Laura.boa Páscoa.
    beijinho

    psssst! olha um nenúfar, ali, a espreitar por entre os escombros ;)

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  2. Obrigada, Em@, e uma borboleta ante o pára-brisas!
    Boa Pascoa!
    Beijos
    Laura

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  3. um nenúfar a olhar por entre os escombros enquanto a borboleta pousa no pára-brisas... e o automóvel parado na berma do tempo...

    Beijinho, Laura!

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  4. Bem, acho que podemos escrever qualquer coisa os três, não?
    Beijos!
    Laura

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