o inverno persistia em ficar numa espécie de frio que entra pela pele e se vai apoderando da carne e dos ossos
por baixo da grossa camada de roupa um corpo cheio de cicatrizes que cobriam o desenho dos músculos
desejei-o como da primeira vez, um amor rápido, bruto. uma espécie de fogo que queima as entranhas e que quando se apaga ansiamos que volte e com ele tudo volte a destruir
ele sabia-o da mesma forma que eu e sentia-o mais violento que eu
quando terminámos não sabia onde terminava a minha pele e onde começava a dele. num olhar rápido pelo meu corpo nu, descobri a marca das suas cicatrizes como que impressa na minha carne, nas suas costas o contorno do meu corpo
entre proibidos e permitidos, entre silêncios e gritos surdos: o inverno acabava de chegar
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