gostaria de ter sido mais
do que uma mulher deitada na tua cama
acorrentada pelo toque da tua pele
viciada no sabor acre da tua boca
amaldiçoada sob o teu corpo quente
poderia ter sido mais
do que um corpo nu à tua mercê
onde cidades ruíram, onde templos se ergueram
e todos os mares banharam a península de nossos corpos torcidos
poderíamos ter feito mais, muito mais
do que uma melodia gasta num velho gira discos
e um promessa esquecida no tempo
[os copos continuam vazios]
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Laura, perfeito!
ResponderEliminarFabuloso na intensidade, no sentimento, no ressentimento, no ritmo indissolúvel de um futuro feito de pretérito.
Leva para o face esse poema.
Vou lá no seu mural, olhar se ele está lá.
Fiquei comovida.
Beijoss
E a gente sempre foca no que poderia ter sido, esquecendo-se da beleza do que passou, mas que não muito agradável.
ResponderEliminarLinda construção, Laura *-*
Tocante, Laurinha!
ResponderEliminarIntenso e bem ritmado!
Beijo!
o que poderia ter sido consome mais do que aquilo que foi ou do que será,
ResponderEliminarbeijo
" É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar... "
ResponderEliminar(Grave como a voz que desacompanha)
Beijo, Lauríssima*
Exuberante!
ResponderEliminarE ainda sinto a tepidez do instante...
beijo carinhoso.
Puxa!!!! Este fez-me chorar. Porquê? Não sei explicar, só sentir.
ResponderEliminarTens um dom, sabias?
beijinho
Os teus poemas são sempre como um vento frio que me faz parar e olhá-lo nos olhos... E ainda bem...!
ResponderEliminarGosto muito do teu blog, continua!
Beijos
O lamento de momentos únicos que poderiam ser plurais também sempre me vêem à cabeça. Mas de que adianta? Talvez porque eles tenham existido para serem isso mesmo, apenas um pensamento fugaz.
ResponderEliminarBjos!
ah... estes nossos desejos de quê!
ResponderEliminarbeijo,poeta amiga!
Gostaria ou poderia ter sido. Difícil é saber o que mais poderia ter sido. Dois copos a transbordar?
ResponderEliminarUm bom domingo, querida amiga.
- é sempre mais do que se pode quando a paixão está para além dos gestos, do peito.
ResponderEliminarSomos um constante vir-a-ser, o que não foi possível hoje poderá ser amanhã (ou não!) Mas os teus poemas estão sempre se renovando, conjugas teu verbo conforme o tempo que vives,
ResponderEliminarcom muita intensidade. E eu gosto muito de ler-te.
Estive ausente da blogosfera devido a um acidente doméstico
e pq deu uma pane no micro, mas já estou voltando...:)
beijoss
Demais esse teu poema, moça!
ResponderEliminar- concordo com a Larissa, em partes. Pois ainda participo da opinião de que nada se perde. o desejo é capaz de transformar qualquer sentimento em momentos únicos - como este.
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