«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

notas para luxuria servida ao fim da tarde

I
dedos frios
dedos nervosos
dedos açucarados

II
lábios carnudos
lábios abertos
lábios expectantes

III
mãos ásperas
mãos em fuga
mãos que violam

IV
pele virgem
pele arrepiada
pele em chama

V
língua que embala
língua que desbrava
oceano que afoga

V
corpo tentado
corpo jogado
corpo violado
Man Ray, The fantasies of Mr. Seabrook, 1930

6 comentários:

  1. Para uma das duas (a misteriosa)

    dedos desobedientes / lábios exploradores / mãos sedosas, como o trigo no campo / pele quente / língua atrevida, como um miúdo indócil /corpo saciado (da misteriosa / segredos

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  2. ao fim da tarde
    sob um crepúsculo
    de suores e gemidos
    ...


    beijo carinhoso...

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  3. E é por isso que "o corpo ainda é pouco".

    Bjo

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  4. olhos fuligem
    olhos vestígios
    olhos nuvens

    beijo, poeta querida!

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  5. arrepio sensorial, estas notas!

    beijinho, Laura!

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