«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 28 de agosto de 2012

desAlinhado XXXVI

todos os cigarros que fumei [e todos os que não fumei]
todo o álcool que bebi [e todo o álcool que pela mesa ficou]
todos os passos que dei [e todos os caminhos onde me perdi]
todos os abismos onde mergulhei [e toda a redenção onde me desencontrei]
todos os palmos de terra que segurei na mão [e todos que atirei sobre mim]
todos os gritos que calei [e todos os silêncios a que dei liberdade]
todas as cicatrizes que desapareceram [e todas as cicatrizes que nunca dei conta] 

nenhuma bala saiu ontem, nenhuma sai hoje 
[ e ]

 

19 comentários:

  1. "todos os palmos de terra que segurei na mão [e todos que atirei sobre mim]"...

    #Caiu como uma luva. Uma luva de concreto...

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  2. perdoe-me a expressão, mas este teu poema é fodástico (letal como devem ser os poemas)



    beijo

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  3. Esta será minha oração... nenhuma bala, amém!
    Magnífico!!!!!!!
    mais bj

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  4. Esse é o texto mais sincero e viceral que já li sobre a vida e o ato de viver. Ainda mais lindo embalado por Mike Patton!

    Bjos

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  5. faltou-me o prazer da fumaça e da boca sendo tocada e sobrou-me o gosto do nada.

    beijoss

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  6. nenhuma bala, nenhum doce, nenhum incendio mas que pega fogo, pega, rs

    beijo

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  7. Me encantando com tudo por aqui;)
    Que belas surpresas a poesia nos apresenta e já aprendi...que através dela, nada é im. possível;))
    Bjo!

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  8. tudo o que fui e tudo o que poderia ter sido
    tudo o que sou e tudo o que deixo de ser
    ainda não soube morrer para nascer de novo (eu)

    muito belo, querida Laura!
    beijo

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  9. voltei para ouvir de novo a música, não conhecia, ficou-me...

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  10. Laurinha,
    tudo bem?
    Porque na maioria das vezes, o que está desalinhado é impossível retornar ao esquadro, sempre restarão arestas e tinta em rascunho.
    Beijos e ótimo fim de semana!

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  11. Talvez amanhã...?
    Gostei das tuas palavras.
    Mas a música, para mim, é detestável. Horrorosa mesmo...
    Beijo, querida amiga.

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  12. Um réquiem para o que não aconteceu e um ALLEGRO para o teu
    poema!!

    beijoss

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  13. E quantas balas há em mim
    Entulhadas na alma...

    Lindo poema
    E a música não poderia ser outra para acompanhá-lo.

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  14. Laura

    Gosto destes desalinhos.
    Volto.
    Beijos.

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  15. Concordo com o Assis, Laurinha. Fodástico!

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  16. lido relido e lido novamente, adorado!
    Seguindo o blog, passarei mais vezes por aqui pra ter mais excelentes surpresas como essa!

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