«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

balada XVIII

de negro se tinge o meu sangue
de vazio se enche o meu peito
e toda uma cidade desfalece no pensamento
entre vultos que se esfumam em cadáveres

de nada servem as memórias
que se guardam em esquinas da memória
esquinas sujas, obliquas, quase cegas
sombrios são os dias que tento despir, os dias 
 líquidos e viscosos que ainda me faltam contar

 

8 comentários:

  1. O peso das palavras engole planetas, pessoas e até a morte.
    Sua poesia, às vezes, é terrivelmente dolorosa, mas, deus, oh senhor dos tolos, como é bonita!

    beijoss

    Lelena

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  2. Laura,
    nuns dias chove, noutros faz sol. é assim nesse nsoso ofício de viver.
    Saudades de vir aqui ao seu cantinho beber da sua poesia.

    abração do seu amigo
    roberto.

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  3. eu juro que eu li e colorir, muito bonito poema Laura!

    beijos

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  4. penso que memória é uma mala sempre arrumada pra viagens eventuais...

    adoro te ler!

    :*

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  5. Eu sabia que o regresso seria assim... que dor mais linda de se ver (ler)!!!!
    bj poetaça

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  6. Laurinha,
    pensei em coágulos, hematomas, marcas no corpo-memória, uma vez revoltas, voltam, revoltam.
    Beijos!

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