«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ninguém

ninguém que saiba
das ondas que nascem em alto mar
e morrem muito antes da orla da praia


ninguém que ouça
o gemido das folhas esquecidas
devoradas por ânsias enraivecidas


ninguém que conheça
o triste lamento de dentes escancarados
abafado por bocas arqueadas
ninguém que termine
ninguém que acabe
ninguém no espelho da casa de banho

4 comentários:

  1. há sempre um olhar tecendo palavras na boca do dia...

    saudações, poeta amiga!

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  2. Ninguém é alguém escondido por trás da boca.

    O poema, um assombro!
    Bj e super fds

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  3. ninguém que...
    mas há sempre alguém.

    beijo, laura!

    bowie e reznor juntos nesta "lição imunda do coração".

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  4. Laurinha,

    um ninguém e tudo que o significa, simplesmente sem...

    Beijos e ótimo fim de semana!

    PS.: Adoro o David Bowie, tenho paixão por ele e sua carreira!

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