«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 5 de fevereiro de 2012

desAlinhado XX

de todas as coisas deixadas
à sorte pela mesa, pela sala
de todos os copos tombados
de todos os pedaços de papel:
escritos, rabiscados, amarrotados,
estrategicamente esquecidos
de todas as pegadas no chão
de todas as fotografias envelhecidas
de todas estações que passaram
de todos os aniversários fugidos


de todos nós, depois de nós:
o abismo dos nossos corpos
de todas as mortes possíveis

 

3 comentários:

  1. Laurinha,

    Mortes possíveis,
    como cheiro de alguém dentro de um livro na prateleira,
    os lábios marcados em cacos de vidro, que um dia foram um copo,
    assim os abismos,
    assim morrer um pouco.

    Laurinha, linda tua Poesia, tenho me encantado por aqui nas madrugadas!

    Beijinhos e ótima semana!

    PS.: Adorei teu comentário lá, ri bastante :)

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  2. - depois de tudo...
    será que realmente morremos todos os dias? ou renascemos todos os dias?

    talvez não sejamos morte, enfim, quando nos deparamos com o infinito e o sentimos no âmago.

    grande abraço, querida Laura.

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