monólogo do astrolábio partido
de uma lágrima fiz o oceano nascido entre os nossos pés
com um grão de areia moldei continentes suspensos no ar
parti um copo para te ver do outro lado, mesmo que longe, mesmo de costas
um quadrado de pele serviu-me de nau, uma gota de sangue deu forma às suas velas
tive frio, tive calor, tive frio, tive calor
tive escorbuto, tive sede, tive fome
tive medo, tive medo, tive medo
não sabia das estrelas porque se apagavam à minha passagem
não conheci os peixes em cardumes, escondidos que estavam no abismo
não ouvi o cantar do vento com os ouvidos surdos
à deriva fui, fui, fui, fui e vou
Marcantonio, Melancolia 20, Técnica Mista 89×154 cm, Rio de Janeiro, 2006
http://cadernosdearte.wordpress.com/
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
quando as estrelas se apagam é hora de partir em busca de outra luz, quem sabe a das palavras
ResponderEliminarbeijo
e fui, fui, fui...
ResponderEliminarlaura, minha cara, teu universo é pra lá de apurado. o poema nos leva para imagem que nos chama, feito um redemoinho.
belíssimo concerto!
um beijo cristal.
(desconhecia essa tela do mago, mas quando bati o olho já sabia que era dele. encaixou perfeitamente com a sua voz-ambas maravilhosas)
ResponderEliminarLaura, esse poema não para
ResponderEliminardentro da alma da gente
(vai mais fundo),
esplêndido
...
Beijo carinhoso.
Esse poema é um convite a ir, ir, ir... e vou. Posso?
ResponderEliminarBeijinho de resto de semana, Laura!
Assis, espero encontrá-las, tal como tu as encontras, amigo poeta!
ResponderEliminarBeijo
LauraAlberto
Obrigada Cris, vou buscar o tempero aos vossos comentários e à amizade que deixam ficar.
ResponderEliminarA tela do Marcantonio é perfeita, já não é a primeira vez que uso os trabalhos dele e acho sempre que os textos parecem sempre menores ao lado das suas telas!
Beijo, Cris!
LauraAlberto
Obrigado Domingos, por consgeuir viajar nas ondas das minhas palavras!
ResponderEliminarBeijinho
LauraAlberto
Querida AnaLuz:
ResponderEliminarvai, vai sempre, vai sempre entre caminhos de luz!
Beijinho e bom fim de semana!
LauraAlberto
Deixei-me levar pelo movimento do poema e, por momentos, senti um oceano de lágrimas lavar-me os pés, beijar-me a pele.
ResponderEliminarUm beijo.
Espero que consigas nadar nas suas ondas!
ResponderEliminarBeijinho!
Laura