«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Manifesto XLVIII

Sentidos

que cantem as barras de ferro
arriando contra si

que escutem os lábios
o rebentar da sua pele

que sorvam os ouvidos
o sangue gotejante

que vejam os olhos
o vento fugindo nas searas

que se escondam no porão
as histórias de papelão

Robert Frank, NYC, Bleecker Street, 1993

1 comentário:

  1. "que se escondam no porão
    as histórias de papelão"
    e que ardam na fogueira da memória. o único fogo que redime é aquele que se sente mas não se vê...
    um abraço!

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