«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Manifesto LII

Parar

um dia o tempo parou
esqueceram-se os fantoches à boca de cena
voaram dentes de leão no esgoto

e houve um dia em que o tempo parou
redondo
de encontro à cara

e nesse dia
o punhal desfechou o golpe
o sangue correu entre os oceanos

um dia o tempo parou
cansados os relógios ouviram
tristes os dias contaram
a história do tempo que se cansou de ser


Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/

1 comentário:

  1. olha que o tempo é enganador, oh se é. nunca se cansa de o ser, porque é um animal cínico e frívolo. a única forma de domarmos o tempo é resistir-lhe, acenando com a candeia da mentira, como se coubesse na caixa de fósforos que guardamos no bolso. acredita, por vezes cabe...
    um abraço, laurita!

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