«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Manifesto XLVII

A arte de retalhar

sobre a bandeja de prata,
a carne vermelha,
à espera

afiem a faca, Senhores,
ansiosa por retalhar,
os pedaços encomendados,

goteja timidamente o sangue
pelas tábuas de madeira,
longo

Senhores, aproximem-se,
escutem o tambor clamando,
o derradeiro

sorve-se o odor a ferro
entre linhas de humidade
cansadas

levantem-se Senhores,
dos vossos pesados cadeirões,
ela aguarda calmamente, à vossa espera

2 comentários:

  1. não sei se a intenção estava orientada para o plano político, mas serve-lhe que nem uma luva... ou melhor, que nem carne à mesa.
    um abraço!

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  2. Jorge, aqui eu deixei que o poema se escrevesse, saisse, sem pensar, o eterno vira e bota!
    Beijos

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