«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Manifesto XXXVI

O reflexo

Tantas vezes passei na tua rua,
Provavelmente
As mesmas que espequei no umbral da porta,

As chuvas sobre os dedos da estação,
Definitivamente
É difícil colher o dente sem braço,

Pousa o lápis,
A sair daqui,
Apenas uma queimadura


Fotografia de Ed Van Der Elsken

4 comentários:

  1. admirável, querida amiga! sabes? estive meses a olhar os cães e a aprender com eles a lamber as feridas...
    um abraço!

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  2. Impactante este poema, Laura! Mas a pele sempre se refaz, ainda que com cicatrizes.

    um abraço grande pra ti

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  3. Amigo Jorge, e eu que me vou esquecendo de aprender com o meu coquinhas.
    Beijo
    Laura

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  4. Andrea,
    e as cicatrizes ficam nos tão bem!
    Abraço, apertado!
    Obrigada!
    Beijos
    Laura

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