«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Manifesto XXXIII

E tu, não sabias?

tu sabias?
não bastam as asas para voar,
todas as andorinhas fogem sempre,
tu sabias?
não chegam as penas sobre os ombros,
tudo pesa para o solo,

e tu sabias, não sabias?
não basta voar ao som das palavras,
não chega pintar as telas alvas da vida,
e tu sabias, não sabias?
essa velha gaiola de ferro
oxidou-te os passos, cercou-te os olhos,
e tu sabias, não sabias?
tudo isso e isso tudo
é simplesmente inútil.

3 comentários:

  1. não saibas nem queiras saber até onde se estende esta linha que separa a inutilidade absurda do... esquecimento sem retorno...
    um beijinho!

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  2. a inutilidade é um moto-contínuo imperceptível,


    beijo

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  3. Laura,
    que belos escritos tu tens ...
    Fico feliz em ter encontrado teu blog ... Gostei muito da maneira como 'abordas' o mundo ...
    Um abraço ..

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