«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Resposta, reposta

Perguntas-me do tempo,
Encerrado num frasco de boticário.
Digo-te que o tempo não se guarda
Em lembranças assépticas na mente.
Ele vive-se nos dias que passam,
Gastando-se na corda de um velho relógio.

Questionas-me do sentir,
Conservado numa gaveta de um relicário.
Respondo-te que o sentimento não perdura
Se encerrado em si.
Ele consome-se num efémero momento,
Vivido na fogosidade de uma carícia.

E sem mais perguntas,
Plena de respostas,
Confidencio-te o silêncio de um beijo.

2 comentários:

  1. As questões essenciais à vida estão presas aos boticários do tempo e aos relicários do sentir. Quantas vezes não as deixamos fugir com medo do que possam responder...
    Beijinho branco, querida Laura!

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  2. Laura,
    Sinto saudades (do futuro) cada vez que venho aqui. Seus versos estão primorosos, sabia?

    Abraço mineiro,
    Pedro Ramúcio.

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