«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 1 de março de 2009

Fausto 0,7

Fausto, todos os teus ossos estão frágeis.
Segues o teu trilho cercado por uma incerteza sempre certa.
Nas pequenas pausas curas as tuas nódoas negras.
Fazes o teu frágil físico forte, e a tua mente impenetrável.
Não reconheces o presente, ignoras o futuro.
A DUVÍDA está lá. Sempre. Sempre.
Um martelo pneumático que te massacra o pensar.
Um medo. O MEDO.

Prossegues, enganando os amigos erróneos, numa coragem mentirosa.
Enfrentando o teu medo, vivendo no medo.
Rapidamente tombas e numa falsificada agilidade,
Ergues o teu corpo estragado, auxiliado por uma desconhecida perseverança.

E que vais fazer tu, Fausto?
Quando a força que nunca tiveste acabar?
Quando na tua batalha ficares sem acção, imóvel, com o teu medo?
O TEU MEDO; OS NOSSOS MEDOS.

Que vamos fazer Fausto,
Quando a realidade se tornar a nossa realidade?
Quando o fim se precipitar sobre nós?

Perdemos a força? Encaramos a amarga realidade?
Escolho o fim? Ou escolho o início?

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