«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

estilhaços

I
destas mãos que trago
sujas de terra
já nem as cicatrizes se notam

desta face
que abriga distantes portos
nem uma ruga conta história

destes dias
que me sobejam
apenas a densa escuridão

dos outros dias
que já contei
memórias escritas e perdidas

disto que sou
disto que fui

já nem sei quem serei
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/


2 comentários:

  1. de tudo que fomos ou seremos a memória sempre da um jeito de escapar

    bj, minha poeta do carraca

    des-Alhinhados é um deleite!

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  2. Um dia já devo ter sido Laura Alberto!

    Beijo!

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