«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 2 de dezembro de 2012

praesens V

[para o Marco Bettencourt]
e aqui estamos nós
esfomeados, cansados
pele imunda, coberta de cicatrizes e pústulas
cobertos com roupa ainda mais imunda
sem ter horizonte que se vislumbre
entregues à escuridão que aperta o cerco

fomos o sonho alto esfumado em abismos
hoje somos os senhores do nada
à espera dos falecidos

e aqui estamos nós
e ninguém nos avisou
e não, não vai ser fácil

3 comentários:

  1. Pele imunda se inunda em nada.

    Beijo, laura!

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  2. adoro vasculhar sob o cortinado negro do dia... é quando as meninas dos olhos crescem para melhor se verem!

    beijo, poeta querida!

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  3. se estamos então: mergulho ou nada


    beijo

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