Fotografias
observam-me do outro lado do quarto, na outra parede
sempre oposta, sempre presente, a outra parede
rostos parados no tempo, numa qualquer folha que poderia ter sido outra ou outra
marcam o tempo que vai correndo, escorrendo lento pelos dias que sobejam
testemunham o vento que não pára e todo o ar encarcerado em fitas de pó
podiam ter sido um rio, podiam ter sido um oceano
e são apenas pedaços
pedaços de um passado escrito
pedaços de um instante esquecido
estranhas, miram na esguelha do olho
assombram na penumbra da noite quando o silêncio sussurra o fim anunciado
e são apenas fotografias, à deriva
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
há imagens que moram para todo o sempre nos locais mais improváveis ainda que visíveis ou não...
ResponderEliminarBeijinho, Laura!
tudo em nós é polaroid. a imagem escreve-nos a cada instante. mesmo que apenas no cérebro... do coração.
ResponderEliminarabraço!