quatro mulheres vestidas de negro
quatro mulheres vestidas de negro
quatro mulheres vestidas de negro, caminham nos trilhos sinuosos da montanha, agasalham-se com seus negros xailes, espreitam entre a bruma da manhã, bebem o frio da noite e chamam os seus antepassados
quatro mulheres vestidas de negro
quatro mulheres vestidas de negro, de rostos marcados pelos dias, rugas ásperas, testemunho das horas longas, das horas frias, das longas horas frias e solitárias, arrastam-se pelo tempo que lhes resta
quatro mulheres vestidas de negro
quatro mulheres vestidas de negro, de rostos apagados, de nome que já não se ouve
carregam troncos de eucalipto, carregam galhos de árvores
quarto mulheres de negro
caminham, sem força, sem destino, sem amanhã
quatro mulheres de negro
sobrevivem em círculos fechados
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
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